Projetos Formativos
Do ano de 2001 até o ano de 2006 o foco da formação presente nos Projeto Especial de Ação (P.E.A.) estava direcionado para o desenvolvimento integral da criança abrangendo aspectos de reconhecimento do corpo através dos movimentos numa concepção integral preocupada com as diferentes dimensões infantis. Em 2007 o projeto de formação enfatizava a garantia às crianças de oportunidades nas quais a expressão e a comunicação estivessem presentes através das diferentes linguagens, bem como a percepção de si, do outro e do mundo via corpo em movimento, brincando, correndo, pulando, falando, cantando, fazendo arte, etc, visando especialmente a superação de pra´ticas escolarizantes.
No ano de 2008 quase dois terços do grupo de professoras avançou numa reflexão de que a utilização dos espaços na EMEI não refletia um ambiente ocupado por crianças, avaliando que o mesmo se dava nas salas de aula. Desenhos estereotipados ou mimeografados eram considerados válidos como produção das crianças. Outro dado que nos chamava atenção é que as produções das crianças não estavam presentes nas representações visuais da escola. Este fato nos incomodava e motivou o início de um trabalho de formação focado nesta reflexão. Naquele ano, as professoras detectaram que a escola estava vazia de “coisas de crianças” e que a pintura nas paredes internas trazia somente personagens e outros desenhos estereotipados.
Entendemos que algo poderia ser feito e, então, consultamos prestadores de serviço com a intenção de substituir os desenhos estereotipados por uma coletânea de desenhos realizados pelas crianças durante o ano de 2008, em diferentes estágios.
Para dar início à modificação do espaço interno, uma boa pintura na escola poderia ser o ponto de partida para a instalação de um novo ambiente bem como a substituição do mobiliário das crianças por outro de tamanho mais adequado.
Conseguimos a pintura que foi realizada pela própria Prefeitura e em seguida a nossa tão sonhada “faixa decorativa” por todos os espaços internos escola pela qual logramos sucesso naquela empreita tendo em vista que as professoras se orgulham das representações gráficas que hoje estão nas paredes de nossa escola. Estamos falando da reprodução cuidadosa de desenhos elaborados pelas crianças que hoje colorem os corredores das salas, do pátio interno e da área onde fica o parque e as quadrinhas.
Desde então, estamos num processo de mudança e de reflexão sobre o significado da infância em nossos dias, apesar de, muitas de nós estarmos lidando com crianças pequenininhas há muito tempo! Processo este que precisa acontecer de “dentro para fora” e a decisão de ilustrar, naquele ano, primeiro as paredes internas não foi por acaso.
Estamos num caminho no qual concebemos a criança como sujeito de direitos, sujeito ativo no processo de aprendizagem, protagonista de seu percurso criador, de tal modo que , assumimos o compromisso de colocar luz em suas produções, em suas aprendizagens e em suas experimentações. Entendemos seus desenhos como produção de conhecimentos e que estas experiências podem contribuir para que eles possam aprender nas diversas interações. Está claro para nós que são os desenhos das crianças que queremos ver ilustrando os murais e paredes de nossa escola. Ao mesmo tempo, avançamos numa discussão em torno da importância do registro como material importante de sua história profissional e de formação.
Ao final do ano de 2009 motivadas pela hipótese de nossa escola se transformar em uma instituição de atendimento às crianças, com dois turnos de funcionamento, passamos a "pensar" em salas temáticas como uma possibilidade de reorganizar os tempos e espaços da EMEI transformando-os em ambientes educativos. Confeccionamos um mapa em cartolina, ajustando as colaborações de todas as professoras que estavam na escola naquele final de ano e definindo o que seria cada um dos espaços.
A escola de dois turnos não aconteceu em 2010, mas, mesmo assim instituímos aquele tipo de organização para o espaço, tema que orientou as práticas e a formação da U.E. durante todo o ano de 2010 inspirando o título do Projeto Especial de Ação (P.E.A.) “Reorganizando os tempos e espaços da EMEI: crianças e professoras vivendo a vida que se vive na infância: a experiência dos ambientes educativos”.
Ainda estamos enfrentando a demanda de adequar o espaço físico das salas de atendimento às crianças de modo que possam se constituir em 6 espaços organizados para uso diário das crianças, a saber: 1) sala de artes, 2) sala de música e dramatização, 3) salas das brincadeiras simbólicas, 4) salas das leitura, 5) sala dos brinquedos e 6) sala de projeção, bem como a condição real de suprir cada um dos espaços, incluindo a sala de informática.
De outro lado, sem perder de vista o desejo de marcar os espaços da escola com as coisas de crianças, aproveitamos a idéia do Concurso de Desenhos da Prefeitura, mesmo conhecendo a critica que até a Mario de Andrade foi feita por realizá-lo, ousamos também utilizá-lo para expor os desenhos das crianças, para além dos muros: eles agora são a Galeria de Arte das Crianças, conforme sugeriu e registrou o prestador do serviço de pintura, no muro da Avenida Inajar de Souza e na Rua Félix Alves Pereira. Os desenhos foram escolhidos pelas crianças através de um processo eletivo coordenado pela professora da classe.
No ano de 2011 a escola de dois turnos se efetivou e com o objetivo de aprofundar e refletir sobre nosso fazer demos continuidade ao projeto de formação iniciado no ano anterior.
Por que chamamos salas temáticas e não de salas ambientes? Trata-se de uma questão conceitual e de escolhas: entendemos que cada uma das salas oferece materiais que motivam diferentes linguagens e não disciplinas como ocorrem nas salas ambientes do Ensino Fundamental e ainda assim, nossa proposta ainda engatinha para se tornar uma possibilidade de reorganizar os tempos e espaços da EMEI de modo que eles se transformem em ambientes educativos, previamente organizados, diversificados que ofereçam experiências prazerosas epara as crianças.